MEU CANDIDATO IDEAL


Aos 73 anos, não tenho obrigação de votar. Moro em Belo Horizonte, meu título é do Rio, mas talvez eu vá, a viagem é prazerosa. No entanto, estou aguardando o perfil de candidato para quem eu dê o meu aval. Não vou votar no que me desagrada menos, quero saber do que o sujeito é capaz.

Meu candidato não é um cartesiano, não pode dividir o todo em partes. Não se separa as mãos dos braços, nem os braços dos corpos. Meu candidato deve ter uma visão planetária da cidadania. E deve ser um exímio negociador, porque os países são interdependentes mas ainda não entenderam que as fronteiras humanas estão se diluindo, querem fazer valer soberanias e impérios.

Claro está que um mundo sem fronteiras é uma utopia distante. Porém, é necessário ser pensada para adiantar alguns passos no curto prazo. O Ministério das Relações Exteriores deve ser um poço de sabedoria e virtude.

Não existe humanidade integral sem educação. A falta de educação é o alimento das desigualdades. A visão e as ações do presidente educador não podem se limitar a um mandato, nem se vincular aos possíveis trunfos para uma reeleição. Educação de qualidade é integrada entre os níveis, riqueza da nossa existência, da creche à chamada “terceira idade”, da escola às profissões.

Ao médio e longo prazo, o mais importante ministério que existe é do Meio Ambiente. Deveria se chamar Ministério da Vida. Só que ele depende do curto prazo. Conhecimento de causa e atenção redobrada são requisitos essenciais do senhor Ministro. E que sua política seja transversal a todo o governo.

No regime capitalista em que vivemos tudo depende do dinheiro. Eu não sei avaliar a maioria das medidas macroeconômicas que o governo e o Banco Central deverão tomar. Pouca gente sabe. Pela importância e pela complexidade do assunto, o Ministério da Economia e o Banco Central deverão ser assessorados permanentemente por um grupo de profissionais de notável saber no assunto.

É forçoso ter um bom relacionamento com o Congresso, tarefa difícil para quem for virtuoso, mas não de todo impossível. O nosso presidente deverá ser um daqueles sujeitos que irradiam dignidade, os ímpios não terão coragem de lhe fazer propostas indecorosas. Para que ele mantenha essa postura, especialistas em comunicação, pensando além dos quatro anos, serão essenciais na sua assessoria. Também para que ele consiga fazer as reformas necessárias à gestão pública.

Será vital obter o comprometimento da iniciativa privada, bem como atrair os investimentos internacionais. Não consigo conceber a fraca participação do capital privado e da sua força laboral nas iniciativas do governo. Quem não quer um mercado mais forte? Eliminar a pobreza, por exemplo, representa lucros para todo mundo. Não pode haver distanciamento do Presidente com toda a sociedade, não importa a ideologia.

A saúde merece um arranjo. Dinheiro tem. Ciência, logística, efetiva integração com estados e municípios. Quem será o gestor capaz de organizar essa encrenca? Não sei. Com a palavra o Presidente.

O governo não será só isso, é lógico. Hoje em dia são mais de 20 ministérios. Mesmo que eles sejam reduzidos, as áreas que eles atendem ou deveriam atender vão permanecer.

Como uma das prioridades, faltou falar em segurança pública. Uma parte das causas da criminalidade serão resolvidas com a redução da pobreza e a valorização da educação. Mas isso não basta para combater nem a corrupção nem o chamado “crime organizado”. Acho que é um trabalho incessante, mas gostaria de ver a inteligência substituindo progressivamente os fuzis.

Estou à procura do meu candidato ideal, se é que ele existe.

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