A AMAZÔNIA  E O OURO DE TOLOS 


"A Amazônia tem ouro, tem diamantes, tem potássio para fazer fertilizantes, tem terras indígenas para plantar e criar gado, tem uma infinidade de riquezas no seu solo. Não são exploradas por culpa dos ambientalistas. E o Brasil não precisa de tantas áreas protegidas porque a Europa e os Estados Unidos não preservaram as suas florestas. Estamos muito bem na comparação com eles”. Nós ouvimos isso nos telejornais, lemos na internet, recebemos vídeos com os mesmos argumentos no Whatsapp.

Falta falar que a Amazônia tem árvores, e porque tem árvores tem água, e porque tem água tem biodiversidade. São bens preciosos que também valem muito dinheiro, além da vida. Países ricos estão dispostos a financiar a sua conservação, pelo menos essa discussão já começou. Não podemos voltar à mentalidade da Civilização Industrial do Século XIX neste Século XXI. Sem contar que a floresta não precisa ser preservada – vale dizer – intocável. Ela precisa ser conservada e estudada, onde for recomendável o manejo florestal e a bioeconomia.

 A rigor, a rigor, a Amazônia precisa mesmo é de boa governança, impedindo os absurdos que vemos lá, dirigidos por estrangeiros e brasileiros de má índole.

 Em 2004 publiquei "O Capital Moral ou a Falta Dele". Um dos capítulos foi “A ecologia só seria viável se passasse a dar lucros”, uma observação mais antiga de Peter Drucker, que poderia ser tratada hoje num livro inteiro sobre os progressos da economia verde. Passei a pesquisar quanto valia esse negócio. Pelo menos 17 anos depois, muita coisa aconteceu ou está para acontecer. Por exemplo, da revista Isto É Dinheiro: “somos cobiçados purificadores de ar e poderemos vender essa tecnologia”. Do Wall Street Journal: “o Brasil deve receber créditos de indústrias de outros países no sentido de incrementar as florestas e os recursos naturais, um mercado multibilionário”.

 Eu penso que cedo ou tarde o mercado de carbono vai ser substituído pela modernidade. Afinal, é parecido com “roubar no jogo” do planeta. Um vende créditos de carbono para que o outro possa continuar poluindo. Se os desastres climáticos continuarem em escala crescente, novas tecnologias serão desenvolvidas para fazer face aos prejuízos. Mas sequestro de carbono não é o único potencial que temos. Tom Jobim deu uma aula de vida em Borzeguim: “deixe o mato crescer, deixe o mato”.

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