ESTOU DE SACO CHEIO DE OUVIR FALAR EM DEMOCRACIA
A democracia, governo do povo, pelo povo e para o povo, como
queria Abraham Lincoln, não existe nem nos Estados Unidos. Assim como não existia na Grécia, onde mulheres,
escravos e estrangeiros não votavam.
Hoje em dia, o poder do capital é muito mais forte do que os
nossos anseios de liberdade. Os mais aptos tiram da cena econômica os menos
aptos e depois, empregam a preço vil os desvalidos, quando empregam. O poder do
dinheiro também corrompe o poder político e, então, os representantes eleitos
pelas classes D e E costumam mudar de lado, ou simplesmente não conseguem
defender convenientemente os seus eleitores. Eu não preciso dar exemplos, a
imprensa faz isso todo dia. Relembro o termo que o analista político Jackson
Vasconcelos criou: "democrisia".
Um outro aspecto ainda é uma utopia, mas um dia chegará – é a
falência do poder central. A sociedade é multiorientada e multifacetada. Nem
Cristo, em sua suprema justiça, poderia atender todo mundo. Então nós vemos
protestos para todo lado: americanos que não querem tomar vacina, russos que
não querem o Putin, coletes amarelos em Paris, alemães contra emigrantes,
motoqueiros contra o Lula, bandeiras vermelhas contra o Bolsonaro, gente
batendo panela, manifestações de injuriados em vários países da América Latina,
a extrema direita de um lado, a extrema esquerda de outro e por aí em diante...
Sem falar nos conflitos armados que não cessam fogo no Oriente nem na África.
Não há consenso ideológico nem pragmático entre as
populações em vários territórios ou países. Então, com o tempo, será necessário
que o poder seja regional e não central, talvez com o redesenho das fronteiras.
Será melhor, será pior? Não é possível saber, mas sabemos que um poder central
do Amazonas ao Rio Grande do Sul, determinando o que temos que engolir pelo executivo,
pelo judiciário, pelo Congresso e outros poderes não constituídos não está
funcionando bem.
Até porque a democracia é baseada no voto e não no consenso.
Ganha quem tiver a maioria. E a minoria, como é que fica?
Comentários
Postar um comentário