A tomada do poder

Havia um projeto de poder: 8 anos de Lula, 8 anos com Dilma, mais 8 anos com Lula, 24 anos pelo menos. O esquema era simples mas, pela extensão, tornava-se difícil de executar. Envolvia a massiva ocupação de cargos públicos, acordos com os partidos “da base” e negociatas com empresas meliantes: o poder e o dinheiro, muito dinheiro para gastar e financiar as eleições futuras.

Foi quando Dilma quebrou a corrente – a opinião pública, moeda mais forte do que qualquer outra, pressionou as “autoridades” e a presidenta foi impedida, num processo polêmico.

Subiu um partido da base. Menos mal pra eles. Mas a opinião pública não calou, bandeou-se contra o PT e elegeu a extrema direita.

Alguém tem alguma dúvida que a extrema direita também queira se perpetuar no poder? Seu expoente, até agora, é o presidente Bolsonaro, mas como ganhar as próximas eleições e além, sem repetir as práticas delituosas do PT?

Está lançada a tomada do poder via opinião pública. Melhor dizendo, pela divisão da opinião pública, às vezes por um “cafuné” na maioria dela. Difícil de entender? Então vejamos algumas frases da campanha do presidente para 2022, compiladas da GaúchaZH:

Liberando a velocidade dos carros

Estou numa briga para acabar com os pardais no Brasil. Fábrica de multa, indústria que existe no Brasil (…) Não haverá mais radar móvel no Brasil (…) Vamos acabar com essa roubalheira aí.

Desmoralizando a cultura como um todo

Estamos focados em questões de família. Não admitiremos que a Ancine e a Lei Rouanet façam peças contra interesses e tradição judaico-cristã. (…)

Desmoralizando quem não é hetero sexual

Um abraço nos machos e um beijo nas mulheres.

Desmoralizando os ambientalistas

O MP que se preocupe em combater a corrupção, mas também em estrutura, não seja um xiita ambiental, que entenda as questões de minoria com a importância que ela tem que ter e não supervalorizada.

Eu respondi que é só você cagar menos que, com toda certeza, a questão ambiental vai ser resolvida. Isso que eu respondi para ele.

Desmoralizando a Funai e a cultura indígena

Há anos o terminal de contêiner aqui no Paraná, se não me engano, não sai do papel porque precisa de um laudo ambiental da Funai. O cara vai lá e se encontrar — já que tá na moda — um cocozinho petrificado de índio, já era, não pode fazer mais nada ali. Temos que acabar com isso no Brasil, integrar o índio à sociedade e buscar o progresso pro nosso país.

Voadora no pescoço

Não vou dizer que meu governo está imune à corrupção. Pode acontecer um caso? Pode. Mas, se acontecer, vai ser voadora no pescoço.

Tem muito mais. Mas acho que nesta primeira análise, já conseguimos alguma clareza. Vale notar, também, que o tom das declarações é beligerante, ou seja, nesse novo projeto de poder vale mais um grito do que uma gentileza.

PS: Sugiro ler este artigo e, em seguida, “Triste é o País que Forma Opinião Através do Whatsapp” (https://www.blogdapolitica2018.com/?p=304). Voltarei ao assunto.

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